Ainda a Elite
“Pense num absurdo. Na Bahia tem precedente”. A frase cunhada pelo governador baiano, Otávio Mangabeira, para ilustrar os descalabros que ocorriam em território baiano na década de 50, poderia muito bem servir para descrever as situações que ocorrem no Brasil: Pense num absurdo. No Brasil tem precedente! E é justamente por um destes absurdos que o longa de José Padilha, Tropa de Elite, pode se tornar o primeiro filme nacional a ganhar espontaneamente o interesse do público, dois meses antes do lançamento oficial nos cinemas, usando a complexa rede de relações que compõem o universo da pirataria.
Ironicamente, a película tornou-se um exemplo da situação que denuncia em seu enredo, ao ver pessoas ligadas à sua produção, envolvidas no vazamento e nos conseqüentes exemplares ilegais. Ainda é cedo para saber qual o impacto no sucesso comercial do filme nos cinemas ou para o processo de produção e divulgação dos filmes nacionais que esta situação inusitada pode provocar, mas sem dúvida, levanta mais uma vez a discussão sobre até que ponto é possível manter a estrutura tradicional de direitos autorais consagrada no século vinte.
Interessante notar também, que seria muito difícil, quase impossível, produzir em tão pouco tempo e de forma tão intensa tantos similares ilícitos da "Tropa de Elite" sem o suporte providencial das novas ferramentas digitais de comunicação. Ferramentas digitais que tornam-se cada vez mais sofisticadas, seguras e eficientes, seguindo as tendências do mercado de informação e transformando inevitavelmente todo o cenário de produção do conhecimento humano. Sistema produtivo versus o Sistema produtivo, quem sobreviverá?
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